Portugûes
Descendem os Botos de Estêvão Anes, natural de Évora, homem muito honrado que foi na armada que D. João I mandou a África para a conquista da cidade de Ceuta, em cuja expugnação se mostrou valoroso soldado. Intrèpidamente entrou numa das torres sem que o pressentissem, cortando com duas cutiladas as cabeças dos mouros que nela estavam, as quais, depois, mostrous aos companheiros e preguntou-lhe se as botava em baixo. Diz-se que por esta pergunta os soldados o alcunharam de B., palavra que tomou como apelido por ter origem em feito tão heróico, continuando seus descendentes a usá-lo. Estêvão Anes voltou para Évora, onde era casado com Maria Anes, Jazem ambos sepultados na capela do Espírito Santo da igreja de S. Domingos, mandada fazer á sua custa por seu descendente Gonçalo B.. Deste matrimónio nasceu Martim Esteves B., que alguns autores dão como o ganhador do apelido. Foi notável jurisconsulto que serviu a Casa Real portuguesa desde D. João I a D. Afonso V. D. Afonso V, que lhe manifestava grande afecto, lhe deu por Carta de 1-IV-1462 armas com a justicação de que tinham sido enormes os serviços por ele prestados nas tomadas de Ceuta e Tânger, elém dos que lhe devia o próprio monarca outorgante pelos cavalos e homens que, equipados á sua custa, levara Martim Esteves á tomada de Alcácer, onde, de resto, fora armado cavaleiro pelo Africano. De Martim Esteves B. ficou geração. Timbre: uma torre do escudo encimada pela cabeça de mouro.